terça-feira, 13 de março de 2012

Superação 
                                            Helen Kelle é um dos maiores exemplos de superação da deficiência audiovisual 
 Helen Keller, cega, surda e muda,  foi um dos maiores exemplos de superação  da história 
  

   Enfrentar as dificuldades da vida não é fácil, muitos sucumbem às adversidades sem usar de um recurso maravilhoso que o Ser Maior nos deu, ao lado da vida e do amor: a recuperação. 

Como diz a letra de Paulo Vanzolini "ali onde eu chorei qualquer um chorava, dar a volta por cima que eu dei quero ver quem dava". Não existe receita pronta e nem ensinamento, cada um alcança através do método que julga adequado e de acordo com as armas que tem.

   Superação é a palavra, essa capacidade de ultrapassar as dores e angústias e que pode dar ao homem o sentido da divindade ou certa qualidade dos deuses ou dos mestres iluminados, sem querer se comparar a eles porque a humildade é fundamental. Superar é acreditar no destino e não lutar contra como pensam muitos incrédulos.

   Os gregos acreditavam tanto nesse destino que antes da filosofia, as Moiras ou Parcas eram responsáveis pela organização da vida, explicando a inexorabilidade de acontecimentos ligados à Grande Ordem. Superar não é esquecer o fato, não é deixar de ter saudade, como também não é abafar o trauma ocorrido ou negar o extremo do acontecido; muito pelo contrário, e sim, assumindo sem medos ou fugas da verdade, conseguir voltar à vida, à roda, a um estado muito próximo de como se era antes do infortúnio, infortúnio esse que tanto pode servir como caminho para a travessia ou motivo para acentuar a comum atração pela vitimidade, de que tanto falamos aqui, esse estado horrível do homem porque lhe tira a possibilidade de encontrar a solução, porque não entende que ser um sobrevivente é a arte de descobrir a maneira de reagir o que se torna muito mais importante que o problema a ser enfrentado.

   Dizia Sêneca que "o destino conduz os que o enxergam e arrasta quem o rejeita ou ignora". Quem compreende num de seus encontros com a maturidade que aquilo que vivemos de bom ou de mal, dentro das circunstâncias, é, na maioria das vezes, uma grande chance de cumprirmos o nosso destino, dado o fato consumado, o fadário de cada um, passa a ver a realidade não como um peso, mas como a preciosa oportunidade, por mais alto que seja o preço a ser pago.

   Pode parecer impossível para quem está fragilizado e lê este texto, mas um momento lindo da passagem humana é quando já conseguimos fazer um afago na realidade ao invés de esbofeteá-la ou lamuriar-se por ter de conviver com ela, afastando de vez a melancólica condição de "perseguidos".

   A dor é inevitável, o sofrimento continuado e persistente é opcional. Ficar de bem com a vida, pelo menos de vez em quando, é uma atitude da alma, tranqüila ou agitada, de acordo com o momento, uma tomada de consciência e lucidez, e não abrir um falso sorriso ou aparentar uma postura de passividade.

   A superação jamais é passiva, embora nos traga uma aparente paz. Chega um amadurecido momento em que percebemos que a realidade não é a nossa verdade, mas é um caminho para que cheguemos a ela ao usar da transformação e da interpretação. 

Eis que, agradecidos, então, lhe damos um beijo carinhoso pela contribuição à nossa história, ao cumprimento do destino, quase como uma carinhosa e antecipada despedida. 

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